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domingo, 1 de setembro de 2019

HISTÓRIA - QUARENTA ANOS DA QUEIMA DOS TAPUMES DA PRAÇA DA GRAÇA


Nos tempos modernos, não houve, em Parnaíba, manifestação semelhante aos protestos contra a destruição da Praça da Graça, cuja culminância, com a queimadas dos tapumes, há exatos 40 anos, não poderia, jamais, se perpetuar no esquecimento.

Foram necessários 40 anos, para se chegar ao fim da meada e detectarmos o primeiro foco de incêndio. Sobre o assunto, escreveram para esta reportagem especial: Bernardo Silva, Depaula, Elmar Carvalho, José Cláudio, Reginaldo Costa, Wilton Porto, além da ilustração de Lanceloti.


Benedicto Jonas Correia
É inadmissível a realização de reformas em praças, parques, e jardins, pela simples vaidade de reformar, sem, no entanto, atender ao valor histórico desses logradouros. O passado grandioso traz reminiscências grandiosas. O patrimônio histórico, quando preservado, nos seus estilos primitivos, são verdadeiras paisagens de amor e de vida para cultura de um povo. Sua destruição será pois, a desolação, a morte do sentimento cívico, a tristeza de recordações imperecíveis.

Muitas vezes, o homem do momento, totalmente ignorante, dotado de imbecilidade integral, não pode compreender o vínculo sentimental que une as gerações, no amor a terra natal. É o caso do infeliz demolidor da Praça da Graça, o Sr. Batista Silva.


Devemos sentir na manifestação popular de 31 de agosto de 1979, reflexos sócio-culturais de gente parnaibana. Não houve vandalismo; houve, sim um grito de alerta, sentindo vivido, necessário, e que ficará assinalando um acontecimento de real valor na vida de um povo que ama sua história, que honra seus antepassados, que preza seu patrimônio.

A destruição da Praça, isso, sim, foi puro vandalismo e o responsável é o Sr. Batista Silva, prefeito da época, verdadeiro inimigo da nossa Praça mais representativa, não houve organização previa para nossa grande festa patriótica.
O povo foi acordado por telefonemas, outros pelos gritos de acorda homem, estão destruindo o Muro da Vergonha, e todos, sem quaisquer distinções, pelo sentimento comum de amor a Parnaíba.


Wilton Porto 
OS TAPUMES DA PRAÇA DA GRAÇA
A Praça da Graça era um local de encontro da sociedade,  onde jovens saiam de mãos dadas com suas conquistas, casais iam namorar, levar seus filhos para descontraírem. Como a Igreja de Nossa Senhora da Graça e do Rosário, ficam ali, os movimentos religiosos atraiam a cidade para lá. Ficávamos volteando, uns se acotovelando nos outros. Gente de todas as idades. Tornou-se, também, um local de eventos, quando superlotava.

Ora! O prefeito Batista Silva, alegando não ter condições de fazer as reformas que a linda praça exigia, rodeou o espaço de tapumes e se esqueceu a reconstrução. O  local, sagrado pelos encontros, estava jogado às traças. Os valores daquele patrimônio ficaram na lembrança. Repetindo o poeta Castro Alves, a praça é do povo, como o céu é do condor. A queima dos tapumes da Praça da Graça foi uma demostração da insatisfação popular. 

*Poeta e escritor


CARNAVAL NA PRAÇA DA GRAÇA EM 31 DE AGOSTO DE 1979
Caro Fidalgo,

Desde a antiguidade, em todo o mundo, existem locais de encontros das pessoas que têm alguns pontos de vistas comuns. Habitualmente em dias e horas previamente marcados ou circunstanciais, esses grupos de diversos clãs, reúnem-se em um determinado local. Esse hábito de convivência social está inserido dentro do contexto da comunicação entre pessoas, seja na praça, campo, praia, bares, escritórios, comércios ou qualquer lugar da cidade ou interior.


Em Parnaíba desde a construção da Igreja de Nossa senhora Mãe da Divina Graça, muitas foram as gerações que, durante os tempos de vivência aqui na terra, sempre se reuniram no antigo largo, hoje Praça da Graça, em grupos mais ou menos homogêneos nas suas condições sociais e econômicas.
Neste sábado 31 de Agosto de 2019, portando 40 anos, a noite lembrava o maior carnaval fora de época, quando o povo foi a praça festejar a queima dos tapumes que haviam em seu redor, após o gestor municipal na época ter iniciado os trabalhos de revitalização da área, não conseguia concluir a obra prevista, o que com o passar do tempo caracterizava um estado de total abandono.


Mediante o quadro de destruição no local, a insatisfação e revolta da população, culminaram com acontecimentos daquela noite, em que, todos os seguimentos da sociedade participaram ativamente daquele evento plantado pelo então jornal Inovação, com apoio principal dos estudantes dos cursos noturnos  da União Caixeiral, Colégio Estadual Lima Rebelo e Unidade Escolar Raquel Magalhães.

Lembro-me que até o saudoso médico Edgar Veras, em seu jeep Willis 51 participou do corso ao redor dos escombros em chamas; José Hamilton, fez nove discursos no bar Fortaleza, os garotões Yure Gomes e Gláucio Resende, ensaiavam os primeiros passos como radialista, o pessoal do Inovação, entre eles o futuro Juiz de Direito Elmar Carvalho, Canindé Correia, Bernardo Silva e Reginaldo Costa, ficaram na moita até iniciar-se a festa. 


Foi uma festança com fogos de artificio, carreata e tudo mais, quando o povo parnaibano, em contra ponto ao estado de abandono em que se encontrava o seu principal espaço público de lazer, fez ressurgir o seu passado de lutas em favor das causas brasílicas, demolindo e tocando fogo na paliçada que escondia os escombros da praça, simbolo de beleza e orgulho da cidade da  Parnaíba.








Fonte; Jornal Inovação/ edição especial / Plantão Parnaíba 24 horas




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